2.4.3.1. FOTO 1 CHILE

Depois de dois meses a acompanhar o sofrimento das vítimas das inundações em Terra Amarilla, no Chile, a Ir. Rita Cortez deixa-nos o seu testemunho:

“Agora a aterrar deixo-vos umas linhas desde o Chile. Não me vai ser fácil porque o que levo dentro tem a força e a magnitude da cordilheira, a desolação da destruição e, paradoxalmente, a beleza de um deserto que também floresce e a simplicidade de um povo que te ensina a amar ao estilo de Jesus. Simplesmente, sem mais. Todo um contraste geográfico de sentimentos!!!

Foram dois meses de trabalho intenso, sim, e continuarão a ser para quem ali fica porque ainda há muito que fazer, sem dúvida. A extensão dos estragos do dilúvio é enorme e as respostas internas e externas são mais lentas que o desejado e esperado.

Durante estes 2 meses tive o enorme privilégio de conhecer muitas famílias afetadas. Entrar nas suas casas (ou do pouco que ficava) e ser testemunha de como nada, nada nos pode separar do Amor de Deus, mesmo sem o saber ou manifestar. Quem ou que força, para além de Deus no Seu Amor, pode suster na esperança quem perdeu o pouco que tem? A resposta vinha depois, num segundo momento como se se tratasse do fruto da contemplação… Tanto que esta gente tem… E que pouco tenho eu, tendo tanto… Quanto têm de Evangelho porque são o Evangelho vivo e encarnado, e eu pude tocá-lo… eu pude “entrar em Sua casa”.

2.4.3.1. FOTO 2 CHILE

Vem-me outra vez a parábola do Banquete:

“‘Sai imediatamente às praças e às ruas da cidade e traz para aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos. ’ O servo voltou e disse-lhe: ‘Senhor, está feito o que determinaste, e ainda há lugar.’E o senhor disse ao servo: ‘Sai pelos caminhos e azinhagas e obriga-os a entrar, para que a minha casa fique cheia.’”

“Sai pelos caminhos e azinhagas e obriga-os a entrar, para que a minha casa fique cheia.” Dizia-nos, cada dia, o Senhor Jesus à nossa comunidade de Tierra Amarilla.

E volta-me a ressoar “os pobres e a terra não podem esperar mais!”. Há que procurá-los e ir ao seu encontro para que voltem uma e outra vez a nossa casa, já não como desconhecidos, mas como amigos e irmãos, dando-lhes um lugar privilegiado nas nossas vidas, comunidades e missões. Para que a Sua casa fique cheia.

Eu pensava que já não podia fazer novos amigos, verdadeiros amigos, daqueles que nos mudam a vida e o coração. Que nos exigem e pedem até à dor mas que ao mesmo tempo nos ensinam a amar, amando de e na Verdade. Com cheiro a Evangelho.

Peço hoje, agradecida por estes dois meses em TA, a mesma graça à que nos desafiava o Papa Francisco há já umas semanas atrás: que nos deixemos encher pelo Espírito de Pentecostes, este Vento que abre portas e nos põe a caminho, que gera risco apostólico e cria a novidade do Evangelho. Porque os pobres da terra não podem esperar mais! ”.

Rita Cortez, aci

A Ir. Rita acaba de regressar ao Chile, agora por dois anos, a Iloca, uma das zonas afetadas pelo tsunami de 2010.