A situação política em Espanha, a partir de 1931, caracterizou-se por fortes movimentos anticlericais, com crescentes dificuldades para a Vida Religiosa. Por esta razão, a Congregação das Escravas trasladou temporariamente várias comunidades e colégios espanhóis para Portugal, entre 1933/1940. Entretanto, a pedido do Cardeal Patriarca de Lisboa, a Congregação decidiu instalar-se em Portugal, de modo mais definitivo, e fundou um colégio em Lisboa, em Novembro de 1934.
Ao longo dos anos, para responder às necessidades encontradas, as Escravas foram fundando diferentes obras em Portugal, constituindo-se como Província a partir de 1975.
A 1 de Janeiro de 2014, numa restruturação interna das Províncias do Instituto – e para responder ao apelo da Igreja para uma Nova Evangelização da Europa – erigiu-se a Província da Europa Atlântica, da qual Portugal passou a fazer parte, juntamente com os países de Inglaterra, Irlanda e França.
Neste momento, em Portugal existem 4 comunidades: em Lisboa, no Porto, em Palmela e na Fonte da Prata (Alhos Vedros).
História das Escravas em Portugal
Antes da fundação definitiva em Portugal, devido à instabilidade política e ao clima anticlerical antes da Guerra Civil espanhola (1936-1939), a Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus deslocou para Portugal algumas comunidades e colégios de Espanha. Assim, durante o período 1933-1936, as irmãs estabeleceram-se em diversas localidades, de forma a procurar refúgio e garantir a segurança necessária das suas alunas.
Ao longo destes anos, foram criando laços fortes de amizade e trabalho com a população portuguesa e começaram a responder às necessidades que encontravam nos lugares onde se instalavam.
Em 1933 chegou a Vila Viçosa o colégio de Cádiz, que aí permaneceu até 1940. Para além das aulas, as irmãs começaram a dar catequese, preparando crianças e adultos para o Batismo e Primeira Comunhão.
O Colégio de Madrid (da Rua de Martínez Campos) foi para Braga, onde funcionou durante o ano letivo de 1933-34, nas instalações do Hotel do Parque, no Bom Jesus.
Em 1933 chegaram a Lisboa duas irmãs, para procurar casa onde se pudesse instalar o colégio de Barcelona, em caso de necessidade de uma fuga de Espanha. Alugaram temporariamente um andar na Rua Domingos Sequeira, nº 56. Pouco tempo depois, a situação em Espanha em relação ao ensino religioso melhorou e resolveram voltar. Quando se foram despedir do Cardeal Patriarca, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, este manifestou-lhes o desejo de que a nossa Congregação tivesse um Colégio em Lisboa para alunas espanholas. A Superiora Geral do Instituto, M. Cristina Estrada, informada das impressões favoráveis que as irmãs tinham formado acerca de Lisboa e dos portugueses, tomou a decisão de “fundar” em Portugal, isto é, de estabelecer no país uma presença de Escravas com caráter mais definitivo. Começaram então, no Verão de 1934, os trâmites para a fundação do Colégio de Lisboa.
A 29 de março de 1936 chegou a Coimbra um pequeno grupo de Irmãs com alunas dos colégios de Madrid e San Sebastian. Foram viver durante um ano para a “Casa das Varandas” na “Quinta da Várzea”.
Ainda em 1936, também o Noviciado e o Juniorado da Província de Barcelona vieram para Portugal, permanecendo até 1939, respetivamente, na Granja e na Amadora.
Fundação em Portugal
Fundação em Lisboa
Tomada a decisão de erigir uma comunidade e estabelecer um colégio em Lisboa, comprou-se uma casa na Calçada da Estrela (a atual residência do Primeiro-Ministro).
A 10 de dezembro abria-se o Colégio de Lisboa, para alunas espanholas; no dia 1 de março de 1935 entrava a primeira aluna portuguesa e em novembro pediu-se o reconhecimento oficial como colégio português.
Abriu-se, ainda, uma Casa de Trabalho frequentada, durante as tardes, por umas 50 crianças da vizinhança. As Irmãs ensinavam-lhes lavores e datilografia, davam catequese aos domingos e organizavam retiros.
Dois anos mais tarde, depois do atentado a Oliveira Salazar, o Governo decidiu expropriar a casa onde estava instalado o colégio para residência do Primeiro-Ministro. Por isso, as irmãs mudaram-se temporariamente para dois pavilhões do Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos, situado numa zona que, na época, ficava fora de Lisboa.
Alugou-se, por isso, um prédio, ainda por terminar, na Rua de Santo António à Estrela, nº 108. A casa não tinha muitas condições mas estava na mesma zona onde o colégio tinha funcionado anteriormente, o que facilitava o contacto com as antigas alunas.
Finalmente, o colégio foi instalado na Rua de São Félix nº 2, no dia 7 de outubro de 1938, e aí funcionou até agosto de 2013.
Depois de 78 anos ao serviço do ensino, devido a uma progressiva diminuição do número de inscrições na última década, fortemente agravada nos últimos dois anos pela situação de crise económica em Portugal, as Irmãs tiveram que deixar o Colégio.
Fundação no Porto
Em maio de 1940, ao fechar a casa de Vila Viçosa, decidiu-se mudar a comunidade para o Porto, com o desejo de fundar aí uma nova comunidade e um novo colégio.
As irmãs instalaram-se primeiramente numa pequena moradia na Rua Álvares Cabral, nº 259, e começaram a dar aulas particulares a um pequeno número de alunas. Na garagem de casa, ensinavam também lavores e catequese a outras crianças da zona.
No dia 1 de outubro de 1941 mudaram-se para a Rua da Constituição, nº 604, onde permaneceriam durante 16 anos. O número de alunas foi aumentando e, pouco a pouco, as aulas particulares foram-se transformando em aulas de um Colégio de Infantil e Primária, tendo sido reconhecido oficialmente em 1951.
O espaço existente começou a ser demasiado pequeno para as alunas que o frequentavam e, em novembro de 1956, comprou-se um terreno na Rua Carlos Malheiro Dias para construir novas instalações.
O novo Colégio foi inaugurado a 16 de Outubro de 1957 e aí permanece até hoje num espaço que, com o tempo e com o aumento do número de alunos, se foi ampliando e ao qual se acrescentaram dois novos edifícios.
Nova comunidade em Lisboa
Mais tarde, em resposta a um pedido do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, para que as Irmãs Escravas trabalhassem com estudantes universitárias, abrir-se-ia também uma Residência Universitária em Lisboa: o Lar de Betânia, na Rua Rainha D. Luísa de Gusmão, nº 3, no Lumiar, bem perto da Cidade Universitária, inaugurado a 4 de novembro de 1966. A partir de 1975, após a revolução do 25 de Abril, as residências universitárias passaram por períodos complicados e era muito difícil poder realizar nelas um trabalho pastoral, além de que o número de inscrições ia diminuindo. Depois de um discernimento, em 1983, optou-se por fechar a residência e abrir uma Casa de Oração.
Fundação em Tomar
Em outubro de 1973, abria-se em Tomar uma outra Residência de Estudantes, chamada Lar de Santa Maria do Olival, desta vez para raparigas do Ensino Médio, que acorriam das aldeias vizinhas para frequentar o Liceu ou as Escolas Técnicas. Com a criação da rede de transportes escolares, esta necessidade deixou de existir e as irmãs saíram de Tomar a 28 de agosto de 1986, depois de 13 anos de presença naquela cidade.
Fundação em Palmela
No seguimento do discernimento apostólico, realizado quando se fechou a Residência Universitária em Lisboa, começou a procurar-se um local apropriado para construir uma Casa de Oração. Depois de muito procurar, encontrou-se este lugar na Quinta de Santo António, em Palmela. O Bispo da Diocese de Setúbal, D. Manuel Martins, recebeu as Irmãs de braços abertos pois desde há muito tempo que desejava ter uma Casa de Oração na sua Diocese.
No dia 4 de setembro de 1984, erigia-se aí uma nova comunidade. No início, até ficar pronta a Casa de Oração, as Irmãs começaram por dar catequeses nas escolas e paróquias das aldeias vizinhas.
A 25 de junho de 1989 inaugurava-se a Casa de Oração “Santa Rafaela Maria”, que, até hoje, acolhe pessoas e grupos e oferece atividades que procuram ajudar as pessoas a encontrarem-se com o amor de Deus e a reconciliarem-se consigo próprias e com os outros.
Fundação no Paúl da Serra
Muitas vezes, nos discernimentos apostólicos, as irmãs manifestavam o desejo de trabalhar no interior do país, em zonas pobres e desprotegidas.
Por ocasião do encerramento da Residência de Estudantes de Tomar, surgiu a oportunidade – a pedido do Pároco do Paúl da Serra (Diocese da Guarda) – de abrir uma nova comunidade com a missão de dinamizar o Centro de Espiritualidade e o Centro Social dessa Paróquia. Fez-se um contrato por 3 anos, renovável, e, a 15 de setembro de 1987, chegavam ao Paúl da Serra 5 irmãs.
A presença desta comunidade prolongou-se até 1990, altura em que, depois de um processo de discernimento, as irmãs verificaram que o trabalho que ali se podia realizar, a nível de Pastoral Social e Paroquial, era muito escasso. Por isso, em agosto de 1990, decidiu-se não renovar o contrato com a paróquia e as Irmãs deixaram o Paúl.
Fundação na Fonte da Prata
A 4 de setembro de 1992, em resposta ao desejo das Irmãs, manifestado numa Congregação Provincial, de uma presença entre os mais pobres, fundou-se uma comunidade na Fonte da Prata, um bairro social no Concelho da Moita, paróquia de Alhos Vedros.
Este bairro acolhia muita gente – vinda dos países africanos de expressão portuguesa e do Norte e Sul do país – que procurava trabalho e melhores condições de vida nas zonas industriais do Barreiro, Setúbal e Lisboa.
Até hoje, esta comunidade tem desenvolvido um trabalho social de promoção humana, educação não formal e evangelização.
Nova comunidade no Porto
Em 1997 foi erigida, no mesmo local do Colégio, uma nova comunidade com a missão de prestar os cuidados necessários às irmãs idosas ou doentes. A esta comunidade chamamos habitualmente Comunidade – Enfermaria.
Mais tarde, em 2007, adquiriu-se uma casa na Rua de São Crispim, que confina com a parte de trás do terreno do Colégio, para onde se mudou a comunidade que aí trabalha.
Em 2016, a “comunidade-Colégio” e a “comunidade-enfermaria” voltaram a juntar-se numa única. O edifício da Rua Nova de S. Crispim está a ser remodelado, de modo a responder às necessidades de uma comunidade maior e que inclua irmãs com mobilidade reduzida, deixando ao mesmo tempo espaço livre no edifício principal da Rua Carlos Malheiro Dias para expansão do Colégio.
Nova comunidade em Lisboa
Depois do fecho do Colégio de Lisboa e da Comunidade a ele associada, decidiu-se manter a presença das Escravas em Lisboa para dar continuidade ao trabalho pastoral que já se realizava e discernir novas possibilidades apostólicas, para além de continuar a ter aí a Cúria Provincial. Esta comunidade, erigida a 3 de dezembro de 2013, está provisoriamente instalada num apartamento no centro de Lisboa, concretamente, em São Mamede, entre o Largo do Rato e o Príncipe Real.