Preâmbulo: a vocação é para TODOS!

Todos temos uma vocação, isto é, cada pessoa está chamada a percorrer um caminho de verdade e de liberdade até chegar a sentir-se profundamente realizada na sua humanidade (ou seja, profundamente feliz, porque chega a ser o que Deus quer).

Antes de mais, todos somos chamados à vida humana: a ser «homens» e «mulheres», a ser pessoas que vivem com outras e crescem com elas; todos somos chamados à comunhão e ao serviço.

Depois, como cristãos, somos chamados a viver como Cristo: é o centro da nossa vocação batismal. Esta vocação consiste em sermos, como Cristo:

  • Sacerdotes: a entrar numa relação pessoal com Deus (a dar-Lhe tempo…)
  • Profetas: a anunciar o Amor de Deus aos outros e a denunciar as injustiças deste mundo, colaborando ativamente para construir o Reino que o Pai sonhou
  • Reis: a ter um olhar de bondade sobre todas as coisas/pessoas; a “dominar” as coisas, sem que elas nos dominem…

Finalmente, cada cristão é chamado a dar uma resposta pessoal (concreta, única), na Igreja. Trata-se de uma vocação mais específica: Casamento, Vida Consagrada, Vida Laical… Estas vocações específicas são formas concretas de viver e manifestar o Amor de Deus no mundo.

Existem, então, vários TIPOS DE VOCAÇÃO dentro da Igreja:

4_final_diferentes tipos de vocação

 

a) Sacramento do Matrimónio

– pela minha relação com outra pessoa, desejo ser na terra um sinal visível do amor de Deus, centrando-me no bem do outro, aprendendo a esperar, a perdoar e a superar as dificuldades.

– através desta relação, os dois somos chamados a colaborar com Deus na Sua obra de Criação: ser com-criadores e educadores da vida, de maneira especial através dos filhos.

 

b) Vida laical

– sinto-me chamado a encarnar no mundo o Espírito de Deus, empenhando-me na transformação e “cristificação” das estruturas e realidades concretas do mundo em que vivo.

– nesta vida laical, posso sentir-me chamado/a ao matrimónio ou não: há leigos que vivem o trabalho, a profissão, como modo privilegiado de transformar o mundo.

c) Sacramento da Ordem (padres, bispos e diáconos)

– sinto-me chamado a ser representante de Cristo, através da Palavra e da entrega da minha vida ao serviço da comunidade, para manifestar – sobretudo através dos sacramentos – o amor de Deus, fonte de graça e de perdão e a entrega de Jesus Cristo pela salvação de todos.

d) Vida consagrada (freiras/frades, monjas/monges, padres, irmãs/irmãos, leigos/as consagrados/as)

– pela entrega da minha vida, torno-me um sinal que aponta para os valores definitivos, que Jesus viveu. Sou chamado/a a viver em comunidade, com um estilo de vida que provoque, que faça pensar que tudo pode ser relativizado em relação a Deus, que é o centro da minha vida.

– neste sentido, depois de um tempo de preparação, faço “votos” ou “promessas”, procurando mostrar que, com Deus no centro, é possível viver:

  • com pouco, tendo tudo em comum (não ter nada “meu” – voto de pobreza);
  • manifestando um amor universal¸ sem exclusividades (ter no coração lugar para todos, especialmente para os que ninguém ama – voto de castidade)
  • desejando ser livres para ser enviado/a onde for mais necessário (estar disponível para a missão – voto de obediência)

Nenhum destes tipos de vocação é melhor ou mais importante do que outro. Todas as vocações são boas e necessárias. O importante é que cada um descubra, com verdade, em que tipo de vocação pode seguir Jesus mais de perto e servir a Igreja, para colaborar na construção de um mundo mais justo e mais humano, mais à imagem de Deus.