A Irª Irene Guia escreve-nos a partir da fronteira ucraniana, onde se juntou à missão do JRS para acompanhar, servir e defender os muitos refugiados nesta situação de emergência:
“Escrevemos a partir da fronteira com a Roménia, num lugar que se chama Galati, um dos pontos de entrada de pessoas ucranianas. A fronteira entre os dois países está separada pelo Danúbio e há um ferry que demora 10 minutos a ir de um lado para o outro. Só há transporte se o ferry encher e, infelizmente, quando estivemos de visita, o ferry encheu-se lo lado ucraniano, e chegaram aqui muitas mães e avós com os seus filhos/as, netos/as.
Para recebê-los, encheram a ponte que une o ferry à Roménia com bonecos, e um grupo de voluntários geridos por diferentes ONG’s, tais como os bombeiros, esperavam-nos para os acompanhar e ajudar a levar as malas para umas tendas cor de laranja, aquecidas, onde está a polícia a realizar o primeiro registo. Tenta-se que tudo seja rápido e ágil.
O JRS tem um grupo de voluntários muito bem organizado e muito comprometido. São gente jovem, média de 20 anos, e há três pessoas contratadas. Estão sobrecarregados, mas a situação vai-se organizando pouco a pouco.
Ontem visitámos um jardim de infância onde organizaram uma sala, muito bonita, onde há uns dias começaram a ir crianças ucranianas; há três mães ucranianas que são professoras.
Ao princípio, pensou-se integrá-los nas aulas com as crianças romenas, mas percebeu-se que, tanto para os professores romenos, como para as próprias crianças que acabam de chegar a um contexto completamente novo, isso dificultaria a adaptação.
Ainda que tenha começado há pouco tempo, disseram-nos que as crianças estão felizes, fazem atividades diferentes, brincam e, pela primeira vez, riem-se, descontraídos. Há espaço para 12 crianças.
A ideia é que haja mais espaços deste tipo noutros Jardins de infância da cidade para que as crianças possam sair dos lugares onde são acolhidos, para que possam estar num ambiente mais leve, de brincadeira e onde possam interagir com outras crianças. A ideia também é que, se as professoras ucranianas decidirem ficar por aqui, aprendam romeno.
Daqui iremos para a Polónia. “
Pilar Lopez – Entreculturas e Irene Guia, aci