Evangelho de São Marcos:
“Na verdade , todos serão salgados com o fogo. O sal é coisa boa mas se ele perder o sabor, com que haveis de temperá-lo? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”
SILÊNCIO
Neste mundo desabrido,
dizes-nos que não sejamos sal sem sabor,
que só serve para ser pisado,
como panfletos publicitários distribuídos pelas ruas,
que nem se olham um segundo e nos caem das mãos
porque não interessam a ninguém,
lixo para os passeios debaixo dos pés
daqueles que continuam a sua vida quotidiana.
Sal sem excesso:
sem ser os protagonistas que sequestram os olhares,
sem imposições que abrumam com suficiência,
sem perseguir os outros com poder e astucia.
Sal sem defeito:
que não se esconda por medo a perder-se ,
nem se deixe enfraquecer pela tibieza,
nem renuncie, por orgulho, a misturar-se
entre aqueles que trazem dissabores.
Convidas-nos a ser sal da Páscoa
que desaparece na comida humana,
que ninguém se apercebe da sua justa presença,
e que só os que estão despertos
o descobrem ressuscitado
no sabor exacto de cada existência.
(Benjamim González Buelta)