Há dias em que sinto a minha existência
tão frágil e estaladiça como uma peça de barro:
fatiga-me a luta por viver, por crescer,
por aprender, por ser livre.
Experimento as dificuldades da comunicação
e cansa-me ter que suportar os problemas dos outros.
E sonho, então, com um mundo
que seja um paraíso
em que reine a concórdia e harmonia,
em que as relações humanas sejam fáceis
e as palavras “guerra, violência, dôr”
tenham desaparecido.
Vejo-me encostada, à sombra de uma árvore
livre da dureza do trabalho
da preocupação pelos meus irmãos
das tensões da responsabilidade,
do esforço de ser eu mesma.
Mas, quando oiço os velhos relatos do Génesis
apercebo-me que esse meu sonho
não coincide em nada com o de Deus
e que esconde as palavras enganosas da serpente.
Por trás da linguagem do mito
o que oiço é que o meu ser
está amassado com barro e alento,
e que Deus e a terra são as minhas raízes.
O segredo da minha alegria é confiar em Deus,
saber que Ele deseja a minha intimidade e a minha escuta
que me visita cada tarde, com o dom da sua presença.